SIDÃO é assunto em alta no
futebol nacional, da forma que nenhum jogador gostaria de ser: humilhado. Todos
procuram culpados, mas a grande tristeza do domingo de futebol foi ocasionada
não por um ÚNICO erro, mas por uma junção de falhas, às quais todos
estamos vulneráveis. Para não ser este texto mais um erro e provocar estragos
ainda maiores, busquemos fazê-lo da forma mais analítica possível, sem exagerar
na dose de julgamentos para não beirar a hipocrisia.
Talvez a maioria de nós não
considere o Sidão um excelente jogador. Normal, mais da metade dos jogadores de
futebol que conhecemos não são excelentes. Talvez a maior parte da torcida
vascaína não tenha aprovado a contratação, o que também é normal. Quantas
contratações do seu time você reprova todos os anos? Algumas com razão, outras
te surpreendem... Sidão errou feio no primeiro gol do Santos, dando a margem a
críticas de torcedores. Mas sejamos francos, até Martín Silva, um dos poucos,
senão o único jogador do Vasco nos últimos anos que merece o status de ídolo,
errou feio em algumas ocasiões. E nem ele escapou das cobranças.
O problema gira em torno de
como as coisas aconteceram. O troféu foi usado como uma forma de protesto ou
até de ironia de torcedores adversários. O formato da seleção proporcionou a
brincadeira de mal gosto, o que não era seu problema mais nítido. Colocar
torcedores para escolher o melhor em campo é meramente uma forma de mostrar que
a voz do telespectador importa. Quase nunca as escolhas correspondiam ao desempenho
dos jogadores na partida, e não poderia ser diferente disso, torcedor age com o
coração (dentro de certos limites, não há problema nisso). A Globo reconheceu o
erro e resolveu fazer mudanças no troféu. Que bom. Também reconhece o principal
erro: A ENTREGA DO TROFÉU. Sim, esse momento poderia ter sido evitado. E por
mais que as coisas aconteçam rápido demais em um final de jogo, às vezes é
preciso ter a sensibilidade de quebrar alguns protocolos. Que não se repita.
O resultado da enquete foi
estimulado por algumas publicações de uma página no Facebook. E em um momento que
discutimos a existência de um limite para o humor, o fato aponta para uma
resposta: A DIGNIDADE HUMANA. Não a ferir deve ser o limite. E por mais difícil
que tenha sido ver a reação do goleiro do Vasco ao ser “premiado”, vamos parar
e refletir: será que não entraríamos numa brincadeira como essa? Quão fácil é
clicar num link, seguir a onda e ser engraçado. Muitos que votaram nele devem
estar arrependidos agora, assim como inúmeros que estão julgando, talvez
tivessem participado da zoeira no calor do jogo. O fato só reflete como ainda
não nos damos conta da força dos atos "virtuais". Melhoremos!
Sidão errou e não esperou
elogios, não esperou ser premiado porque não merecia. Acima de tudo, não
merecia tamanha ironia. Foi GIGANTE em educação mesmo recusando o prêmio, é
preciso dar ênfase a isso. Em entrevista a Rádio Jovem Pan, disse que foi o
pior dia de sua vida, pois estava com o nome da mãe na camisa. A sua dor é
ainda mais nossa depois dessa declaração. Somos muitos comovidos e mostrando
solidariedade, ainda que não temos como medir a eficiência real do nosso
consolo, #ForçaSidão é uma tentativa plausível. Usando também a internet
tentamos remediar a situação desnecessária e cruel que por ela foi criada.
Erro de jogo, erro de dose de
humor, erro de proporção, erro de transmissão, erro de escolha...
Tantos erros. Que todos
reconheçam, reflitam e evitem. Seria
ainda pior se não tirássemos nenhum aprendizado deste lamentável episódio.
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